quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Lingua azul - Actualização/ Papel dos MVM´s

(elaborado pelo colega João Paulo - MVM de Boticas)

O que é a Língua Azul?
A língua azul é uma doença cujo agente etiológico é um vírus da família Reoviridae do género Orbivirus que afecta essencialmente os ovinos e se caracteriza por hipertermia, inflamação, ulceração, erosão e necrose da mucosa bucal, língua tumefacta e muitas vezes cianosada (língua azul), aborto, emagrecimento e perturbações locomotoras com claudicação provocadas por miosites, coronites e pododermatites.
Por vezes provoca a morte dos animais afectados em 8 a 10 dias ou, mais frequentemente, resulta em cura lenta com perturbações no crescimento e perda de condição corporal.
Pode infectar, geralmente de forma inaparente, caprinos, bovinos, ruminantes selvagens e dromedários.
A transmissão é feita através de um mosquito vector, o Culicoides spp. (outras formas de transmissão apenas foram observadas experimentalmente).

Qual o perigo da Língua Azul em termos de Saúde Pública?
Não existe perigo em termos de Saúde Pública relativamente à Língua Azul.

Qual o papel do médico veterinário municipal na detecção, combate e prevenção deste problema?
O Médico Veterinário Municipal, enquanto Autoridade Sanitária Veterinária concelhia e pólo de desenvolvimento local no apoio ao mundo rural, constitui-se como um elo importantíssimo na articulação com as Organizações de Produtores Pecuários (OPP), nas quais a DGV delegou competências para a execução das campanhas de vacinação e controlo do trânsito animal, bem como na vulgarização e formação dos produtores relativamente à etiopatogenia da Língua Azul e às estratégias preconizadas para o seu diagnostico, combate e profilaxia.
De referir que são inúmeros os casos de Médicos Veterinários Municipais que colaboram activamente com as OPP da sua área geográfica de intervenção nas campanhas de vacinação, no controlo do trânsito animal e na formação dos produtores. Esta conduta interventiva, dinâmica e colaborante, além de se constituir como uma incumbência funcional inerente ao desempenho das actividades do MVM, tem provado ser uma estratégia ajustada, como é prova inequívoca o sucesso na luta contra diversas enfermidades, como são exemplo a Raiva, a Febre Aftosa, a Equinococose e mais recentemente a Língua Azul.

No caso de aparecimentos de focos da doença, que medidas devem ser tomadas?
No caso de aparecimento de focos de Língua Azul deverá ser efectuada a declaração obrigatória nacional e europeia, bem como a implementação das medidas estratégicas de combate à doença consagradas no Decreto-Lei n.º 146/2002 de 21 de Maio e no Edital da DGV que, sumariamente, passam pela vacinação, delimitação de uma zona de protecção e de uma zona de vigilância, restrição/controlo do trânsito animal e desinsectização de animais e viaturas em trânsito.
No presente, a totalidade da área geográfica do território nacional está sujeita a restrições por serótipo 1, enquanto a área geográfica das Direcções de Serviços Veterinários da Região do Centro (apenas alguns concelhos), de Lisboa e Vale do Tejo (todos os concelhos), do Alentejo (todos os concelhos) e Algarve (todos os concelhos) estão sujeitas a restrições pelos serótipos 1 e 4 da Língua Azul.


Mapa das zonas de restrição da língua azul (fonte)

1 comentário:

Deixe o seu comentário que será publicado após moderação (permita-nos 24h para o publicar). Não serão aceites comentários desprestigiantes para a ANVETEM ou seus associados.
Obrigado