segunda-feira, 20 de abril de 2009

Montalegre: Produtores temem que regras acabem com as tradicionais chegas de bois

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Os organizadores das chegas de bois de Montalegre temem o fim desta tradição por causa das regras impostas para a movimentação dos animais e reivindicam uma medida de excepção para a realização destes espectáculos que atraem milhares de pessoas.
Fernando Moura é um dos responsáveis pela associação 'O Boi do Povo' e um dos grandes entusiastas pelas chegas de bois, uma tradição já muito antiga em alguns concelhos de Trás-os-Montes, mas que encontra uma maior expressão em Montalegre.
É também um dos rostos do descontentamento e da revolta dos produtores degado do barroso contra as regras impostas pela Direcção Geral deVeterinária (DGV) relacionadas com as movimentações de animais.
'Está a ser complicado organizarmos as chegas de bois, porque estamosobrigados a fazer colheitas de sangue aos animais, todos os meses. Ao fazermos isso estamos a espicaçar os animais e eles acabam por se tornaragressivos', afirmou à Agência Lusa.
Os produtores de gado queixam-se do tempo que perdem e do dinheiro quegastam para cumprir todas as normas.
O veterinário municipal, Domingos Moura, explicou que nos últimos meses foram impostas a nível nacional medidas sanitárias que obrigam à realização de exames de pré-movimentação para a deslocação de animais para feiras, transacções comerciais, as quais abrangem ainda a realização das chegas de bois.
Ou seja, qualquer produtor que queira vender um animal ou participar num destes eventos, tem que solicitar a realização dos exames de pré-movimentação, que consistem na colheita de sangue, têm ainda de pagar as respectivas taxas e esperar pelos resultados dos exames.
Passado um mês, se o animal não for vendido ou se o proprietário quiser participar numa outra chega de bois, terá que repetir os exames e pagar novas taxas.
'Sob o ponto de vista técnico compreendo estas medidas que servem para evitar a propagação de doenças, mas também compreendo as preocupações dos produtores', salientou Domingos Moura.
Fernando Moura referiu que a associação 'O Boi do Povo' já solicitou à DGV autorização para que a colheitas de sangue aos animais se façam apenas de'três em três meses'.
Adiantou que, se as reivindicações dos produtores não forem ouvidas, estes podem ir para a rua em forma de protesto, numa manifestação que poderá ter lugar na quinta-feira, dia em que decorre a feira de gado em Montalegre.
Uma 'cláusula de excepção' para a realização das chegas de bois é também o que defende o vereador da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.
O autarca compreende que 'não é fácil abrir precedentes para esta manifestação cultural', mas, acredita que se tal não acontecer as 'chegas de bois podem desaparecer'.
Orlando Alves referiu que as colheitas contínuas de sangue espicaçam os animais de tal forma que estes podem até constituir um risco para os próprios produtores.
'Não se agarra um boi com facilidade para tirar sangue pelo que alguns proprietários poderão optar por participar em chegas apenas de, porexemplo, seis em seis meses', referiu.
Considerou ainda que as restrições estão a acabar com a 'espontaneidade' ou seja os desafios de café lançados pelos proprietários e que às vezes davam origem às chegas.
Por sua vez, Fernando Moura acrescentou que se começam a fazer chegas clandestinas em Montalegre, em que às vezes nem todas as normas de segurança são cumpridas.
Segundo explicou, para a realização destes espectáculos é necessário um recinto vedado, ter seguro, uma licença camarária para a cobrança dos bilhetes e os exames de pré-movimentação.
A associação paga ainda cerca de 500 euros por cada boi participante.

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