quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poster do colega Duarte Lopes de Vinhais sobre Equinococose

EQUINOCOCOSE/HIDATIDOSE - ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO NO CONCELHO DE VINHAIS
Diz Lopes
Médico Veterinário Municipal de Vinhais


1. Introdução
A notificação de doenças de declaração obrigatória e adopção de medidas de profilaxia, constitui uma das competências dos Médicos Veterinários Municipais instituídas pelo Decreto-Lei n.º 116/98 de 5 Maio. Durante os anos de 2004 a 2006 foi realizado um estudo epidemiológico exaustivo sobre a Equinococose/Hidatidose no Concelho de Vinhais, com a participação do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Castro et al. 2006). Nos suínos foi quantificada em 30% a positividade serológica. Nos ovinos este valor situou-se nos 25%. No hospedeiro definitivo, em 330 amostras de fezes de canídeos, os resultados da coprologia detectaram 14% de ovos de Taenia spp., por PCR verificou-se que metade, 7%, eram E. granulosus.

2. Metodologia
Com este cenário de doença endémica muito prevalente no Concelho de Vinhais, foram implementadas diversas medidas de profilaxia e vigilância epidemiológica. Como complemento a estas medidas e enquanto não são determinadas outras acções de avaliação e monitorização da evolução desta doença, realizou-se no ano lectivo 2007/2008 um inquérito simples aos 181 alunos do 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas D. Afonso III. Este inquérito contou com a colaboração dos professores e respectivos encarregados de educação e teve como objectivo conhecer factores de risco relacionados com a doença.

3. Resultados
Posse de canídeos Sim: 92% (166) Não: 8 % (15)
Alimentação com restos alimentares e víscerasSim: 78% (142) Não: 22% (39)
Desparasitação dos canídeos Sim: 83% (151) Não:17% (30)
Inquérito a 181 Alunos do 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas D. Afonso III – Vinhais

4. Conclusões
A Equinococose/Hidatidose é uma doença endémica no Concelho de Vinhais e provavelmente em todo o interior Transmontano, dada a similitude dos sistemas tradicionais de produção pecuária. O inquérito realizado constata que as crianças do 1.º ciclo do ensino básico, constituem um grupo de risco, 92% possuem e contactam regularmente com canídeos, para o qual deverão ser direccionadas acções de profilaxia e educação sanitária específicas. Na avaliação e monitorização desta doença afigura-se muito importante uma articulação efectiva entre as diferentes entidades que actuam na área da Saúde Pública, não podendo considerar admissível que em pleno Século XXI esta doença tenha uma expressão endémica tão significativa.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho realizado. Serve de bom exemplo da importância do Veterinário Municipal, quem não existe no Reino Unido onde trabalho como Veterinário Oficial. Boa sorte nas acções de profilaxia e educação sanitária.

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  2. Olá Colega!
    Muito obrigada pelo seu comentário.
    Por curiosidade, deixamos um pequeno trabalho sobre a história dos médicos veterinários no Reino Unido, onde pode constatar o relevo dado então aos médicos veterinários municipais e a importância dos mesmos bem como a interpretação das más consequências que a sua "extinção" trouxe a toda a Sociedade.
    Aqui fica:
    "Pioneers in the Victorian Provinces: veterinarians, public health and urban animal economy"
    http://eprints.ucl.ac.uk/3436/1/3436.pdf

    Há quem defenda mesmo que:

    http://tcbh.oxfordjournals.org/cgi/content/abstract/14/1/1

    "As a result, the ideal of veterinary public health disappeared from British public health practice after 1939, and lost its force as a professional political cause. The mid-century disappearance of animal health from consideration in British public health programmes was one of a complex of historical strands which contributed to the late-twentieth-century emergence of public health crises over such animal-borne diseases as salmonellosis, Escherichia coli infection, and bovine spongiform encephalopathy. "

    Nunca é tarde para recomeçar.
    Pode ser que o Governo Britânico reconsidere bem como os seus Mayors.
    Afinal, só teriam a ganhar.

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